“Nunca é tarde para ser feliz”, defende Amélia de Santana, educanda da EJA da Escola Anfilófio de Carvalho

19 de set de 2017 - Publicidade

19 de setembro é o Dia Municipal da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

“Deixei a escola aos 14 anos para trabalhar na roça de meu pai. Há muito tempo eu queria voltar a estudar, mas fiquei com vergonha porque pensava que só eu não ia saber nada na sala. Hoje, eu não olho mais para a minha idade, só para minha vontade. Nunca é tarde para ser feliz”. O depoimento da feirante Amélia de Santana, de 55 anos, reflete a história de outras 22 mil pessoas que estão matriculadas em escolas da rede municipal por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O número total de vagas desta modalidade ocupadas em 2017 representa um acréscimo de mais de 5% em relação ao ano passado. Somente para a EJA I, que compreende os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), foram preenchidas 13.729 vagas, contra 13.226 em 2016. Já para a EJA II (equivalente ao período do 6º ao 9º ano), foram 9.064 matrículas, superando as 8.449 do ano anterior.

Amélia é aluna da Escola Municipal Anfilófio de Carvalho, localizada em Periperi, no Subúrbio de Salvador, que conta com 143 educandos divididos em cinco turmas. Segundo a coordenadora pedagógica Marilene Fentanes, a unidade atende a um público misto, com pessoas de diferentes idades a partir de 15 anos. “As histórias deles variam muito. Uns abandonaram a escola porque o pai não deixava, outros foram trabalhar, outros apanharam demais. Hoje temos adultos que já perceberam a falta que o estudo faz e que vêm com mais interesse, e jovens para os quais passamos o valor do conhecimento e a importância desta vaga na escola”, explica.

Amélia, a aluna Daniele Souza de Jesus, Maria Tereza e Maria Francisca.

A educanda Maria Francisca Moreira da Conceição, 62, viveu uma experiência gratificante neste ano. Em uma consulta, solicitou ao médico que escrevesse a receita em letra bastão. “E eu mesma li a receita, vi o remédio que precisava, os horários e pude fazer isso tudo sozinha. Eu me senti realizada”, contou. Moradora de Periperi há 16 anos, Maria Francisca disse que tinha vergonha de procurar a escola. “Um dia tomei coragem e entrei. Fui tão bem recebida, que no dia seguinte já comecei as aulas”, disse. Animada, ela disse que quer aprender cada vez mais.

O motivo que levou Maria Tereza de Souza, de 49 anos, de volta à escola foi a morte do filho, aos 24 anos. O fato ocorreu em 2012, quando ela procurou ajuda na igreja do bairro e recebeu apoio para retomar os estudos. As histórias dessas três mulheres se cruzaram nas salas de aula da Escola Anfilófio de Carvalho. Tornaram-se amigas e sentam sempre juntas. E sobre a volta à escola são unânimes: “Foi a melhor coisa do mundo”.

DIA DA EJA – Em 19 de setembro, Salvador comemora o Dia Municipal da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Criada pela lei Nº 8.972, de 11 de janeiro de 2016, a data reforça a importância dessa modalidade de ensino que tem profunda ligação com os princípios de igualdade, inclusão e justiça social.

Texto: Secom/Ascom Smed